Verso profundo e de uma intelectualidade extrema.

Quando eu andava no liceu, havia la um colega, daqueles "colegas cola", que me seguia como uma sombra, me oferecia prendinhas ridículas, e me dizia os versos mais tresloucados e melosos.

Eu desapaixonada mas paciente, lá fui gramando, aturando, e ao passo que respirava fundo milhentas vezes, lhe dizia que meninas não faltavam, e que o coração da Petra tinha outro dono por mais que o moço se espumasse desesperado em poemas açucarados, e promessas loucas... Aqui a Je não se convencia.

Porém um dia, em que acordei para o lado esquerdo da cama, "como o diabo gosta".

Chego à escola e eis que esta peça vem ter comigo derretendo-se mais uma vez em mel, caramelo, e tudo de mais nhanhento que possam imaginar.

Desta vez eu cheguei-me a ele, e do fundo do meu cérebro iluminado, declamei a seguinte obra prima:

(A coisa que mais gosto de fazer.

é ver-te na rua a passar.

Com os cascos a bater.

E os cornos a abanar)

Desde esse dia, que o meu pretendente passou a olhar a doce Petra de forma diferente.