15 de março de 2011

A solidão de quem a cultiva


Cada vez mais corroboro a teoria de que muitos daqueles que se sentem sós cultivam a sua solidão.
Não me refiro ao drama vivido pelos idosos, que abandonados pelas suas famílias negligentes, ficam à mercê de uma sociedade que não sabe ou não pode protegê-los.
Falo de pessoas que a toda a hora se lamentam, que cada vez que vão beber um café, ou têm a possibilidade de socializar, passam o tempo todo a auto-referenciar-se.
A falar incessantemente dos seus problemas, repetindo vezes sem conta lamúrias sem fim.
Fazem questão de sublinhar para quem se mostra séptico, que não ha no mundo ninguém que sofra mais, e que por isso quem está por perto tem de perceber e concordar com os seus "terríveis desaires."
Se por acaso tentamos mudar de assunto, não tanto pelo cansaço de ouvir a mesma coisa mas para de certa forma descentrar a pessoa daquele registo e assim desanuviar a cabeça...
Mostram-se desatentos, ignorando a mudança do tema e acentuam ainda mais o seu discurso derrotista.
Este tipo de movimento de egocentrísmo "talvez inconsciente", tende a afastar as pessoas, reforçando assim a crença do indivíduo de que é um "incompreendido", e que os outros só pensam em si mesmos e que por isso não há espaço suficiente para os ouvir/ entender.
Gera-se aqui um ciclo vicioso.
Muitas vezes isto resolver-se-ia com a possibilidade de uma inversão de papéis, Ou seja a pessoa ser capaz de se colocar no lugar do amigo que lhe dá espaço e que raramente "Porque será!" fala de si e que sempre ouve sem pestanejar.
Sublinhe-se que não me refiro a pessoas que vítimas de uma perturbação mental grave, devido à ausência de insight, lhes é imensamente difícil fazer uma inversão de papéis.
Refiro-me aqueles que apesar de terem competências para tal se recusam por conforto, por comodismo, e pela incapacidade de ver para além das grades que criam para si mesmos.
Pois é... às vezes ter ou não amizades sólidas e duradouras depende e muito da nossa flexibilidade de dar ao outro o seu espaço, de fazer de uma conversa de amigos uma partilha saudável e não um sacrifício.

18 comentários:

Anónimo disse...

Há gente chata, de facto.
Fujo dessa gente como o diabo foge da cruz...a menos que sejam familiares. Não se escolhe a família.:)

bji, querida

Turista disse...

Petra Pink, gostei muito deste teu post.
No nosso dia-a-dia, deparamo-nos com pessoas que nos afastam inconscientemente, com a sua visão derrotista da vida, sem dúvida.

oops!!! disse...

Sou do mesmo parecer!

A vida é essa coisa infinita cheia de momentos de tentação em que umas vezes escolhemos mergulhar e outras apenas... ver passar!

;)

mimi disse...

às vezes tenho medo de ser uma dessas pessoas e não me aperceber :O

sou sincera ao menos

mimi disse...

mas gosto de comer doritos contigo, não sozinha ahahahah

Eu, Tu e o Meu Blog disse...

As amizades cultivam-se...quando essas situações acontecem acho que como amigos devemos ser sinceros. :)*

S* disse...

As pessoas semeiam as suas tempestades.

Ana disse...

Ainda há uns tempos escrevi sobre isso. E a música dos Anaquim "A vida dos outros" só me faz lembrar essas pessoas... Enfim...

Ana disse...

* As vidas dos outros

Petra disse...

Nina: eu dependendo da pessoa... mas de algumas também fujo!!!! uuuuyyyy!
Manuela: Realmente a visão derrotista da vida, não ajuda de forma nenhuma.
Oops: sem dúvida!
Mimi: porra se fosses assim já te tinha rifado milheri.... se tu me chateasses assim a pinha... mandava-te para o caralhinh*...
Quanto aos doritos filha ca estamos yyuuh.
Eu tu e o meu blog: olá!
Tens razão, sempre que nos sentimos afectados, e principalmente se essa pessoa for muito importante para nós, há que esclarecer as coisas, e ser sincero... Até porque a pessoa pode nem estar a conseguir descentrar-se daquilo.
beijo e volta sempre!
Ana: as vidas dos outros são complicadas ..... beijo a todos.

Tanita disse...

Acho que hoje em dia, as pessoas queixam-se, em geral, muitissimo.
Estamos a precisar de sol.
Bj**

dinona disse...

Por incrível que pareça quase toda a gente é assim, não percebo!
Toda a gente tem os seus problemas, eu também os tenho mas não ando sempre a chorar-me para que tenham pena de mim...

Me disse...

Babe esses também sofrem de uma perturbação... a chamada "o mundo gira à volta do meu umbigo"!!!

Bisouxxx

lisbon new-yorker disse...

Este é um dos problemas do homem pós-moderno: o egocentrismo. Concordo!

Genitrix disse...

Essas pessoas são deprimentes e se não nos pomos a pau levam-nos para esse foço com elas.
Afasta-te dessas pessoas, elas se são assim é por quererem, têm de começar a olhar pra a vida com outros olhos, se não acabam sozinhas e amargas

Pinkk Candy disse...

realmente é verdade, há pessoas que só pensam em si. será que não se apercebem? faz-me confusão!

bjs

Petra disse...

Tanita: sim sol e daqueles bem brilhantes!
Dinona: sim egoísmo! contudo há que tentar encontrar aquelas que felizmente são muitas e não são assim!
Me: pois mas há maneiras de cortar com isso!
Lisbon: bem-vinda! Podes crer, mas temos de saber escolher bem com quem nos metemos lol.
Pink Kandy: há pessoas boas desde que saibamos procurá-las!
Sara* depende da pessoa que seja, mas sim afasto... beijo a todos!

Brown Eyes disse...

Digo constantemente que é muito importante conseguirmos pormo-nos no lugar dos outros mas, compreendo que há pessoas no lugar de quem é impossível pormo-nos. Essas pessoas que passam a vida a queixar-se são pessoas obcecadas com elas próprias, que nunca tiveram hipótese de encontrar quem as ouvisse,pessoas que procuram a aprovação dos outros e como ela não chega continua com o mesmo discurso. Beijinhos